sexta-feira, 8 de junho de 2012

Os mortos passam depressa

Os mortos passam depressa

Na semana passada, duas mortes trágicas e súbitas: uma, uma figura pública; outra, uma velhinha sem família que costumava ir pedir a casa dos meus pais.
Sem querer, lembrei-me duma composição que tinha tido que fazer quando tinha 14 anos e andava no 5º ano do liceu (actual 9ºano): “Os mortos passam depressa”.
Na altura, recordo, tive duas posições contraditórias: por um lado, escrevi que sim, que a recordação dos que partem vai-se atenuando com o tempo e acaba em simples lembrança dum passado cada vez mais longínquo. Mas, ao mesmo tempo, acrescentei, e “aqueles que por actos valorosos se vão da lei da morte libertando”, como os podemos esquecer? Como não recordar Camões, o Infante D. Henrique ou S. Domingos?...
Não sei como terminei a composição mas tenho a certeza que, se fosse hoje, teria um outro comentário a fazer. É que, os que partem, na graça de Deus, são os que podem ser eternamente lembrados, porque eternamente ficam junto do Pai, na Sua glória.
A Vida, é a passagem transitória em que vamos pondo à prova os dons com que Deus nos presenteou, em que vamos gozando a alegria de sermos filhos do Pai, em que lutamos para corresponder ao Seu convite e ao seu Amor. Depois, é o para sempre, o gozo eterno, a recompensa do Bem que praticámos.

Os mortos não passam depressa. Ficam na lembrança dos que os amam e permanecem na eternidade com o Pai que nunca deixou de os amar.

                                                              
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro

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