"Todos nós, tendo consciência ou não, estamos sempre em dívida para com as outras pessoas, conhecidas ou desconhecidas. Ninguém acaba de almoçar sem ficar a dever qualquer coisa a mais de meio-mundo.Quando de manhã nos levantamos e vamos para a casa de banho, servimo-nos de uma esponja que um indígena do Pacífico preparou; lavamo-nos com um sabonete fabricado por um francês; a toalha foi importada da Turquia. Depois, à mesa, bebemos café que vem da América do Sul ou chá da China, ou cacau africano. Antes de sairmos para o emprego, já dependemos de quase todo o mundo.
No seu verdadeiro sentido, toda a vida é inter-relacionada."
Outro dia li este texto de Martin Luther King que me levou a pensar muito seriamente na relação que se estabelece entre os Homens e nas causas de falta de colaboração e até de indiferença entre eles.
Com muita facilidade nos julgamos uma ilha, independentes e donos de nós mesmos e das nossas acções! Pensamo-nos senhores do mundo e achamos que não precisamos de ninguém. Quando muito, condescendemos em considerar que os outros precisam de nós.
Como diz Luther King, "quando saímos de manhã já dependemos de quase todo o mundo".
E que consciência temos disso? E que esforço empregamos para colaborar com o próximo , para o integrar num trabalho comum? Como fazermos depender da acção de todos a sociedade em que vivemos?
Temos que procurar inverter a situação. Tentar que todos e cada um tenham uma participação activa na sociedade contemporânea; que todos e cada um desempenhem um papel insubstituível na transformação do mundo e na modificação das relações pessoais, comunitárias, nacionais e internacionais. Precisamos de desenvolver em cada um a certeza de que é uma mola na grande engrenagem que é o Mundo. O papel de cada um é único e imprescindível .E, todos juntos, somos capazes de vencer.
Num tempo em que as diferenças que nos separam se acentuam cada vez mais: em que o ódio e a indiferença tornam inimigos aqueles que Deus queria Irmãos, é fundamental inverter a situação, encontrar o lado bom de cada um, descobrir as possibilidades ocultas que em cada pessoa e cada grupo se escondem.
Temos que abrir os nossos corações, pôr ao serviço dos outros aqueles dons que são dom de Deus e darmos as mãos numa disponibilidade que faça abrir o coração dos outros à colaboração e à inter-ajuda.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,o.p.
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