Já cheguei de férias há dois dias mas só hoje é que tive ocasião de me sentar calmamente e só na nossa velha capela , diante daquele crucifixo enorme que parece encher todo o espaço e chamar-nos para que o olhemos e escutemos.
Sentei-me, para o ouvir, talvez! mas para lhe contar das minhas alegrias e angústias, das coisas boas e das dificuldades que me aguardam, dos sonhos sonhados e das desilusões sofridas.
Talvez, como muito raramente acontece, encontrasse aquele ambiente de paz, de tranquilidade, de convite à reflexão e ao diálogo interior.
Olhar aquele crucifixo que parece "imenso" e nos fala, é sempre impressionante. E não pude deixar de pensar naquela outra situação e naquele outro crucifixo, face ao qual, se tinha feito frade um jovem talentoso, cheio de dons e de projectos.
São os planos de Deus!...
E é que no silêncio, num ambiente em que o Amor e a Misericórdia estão bem presentes, sentimos melhor o apelo de Cristo para que O sigamos e O testemunhemos.
Lembro a propósito as palavras de Jeremias, lidas hoje na Missa: " Ele me seduziu e eu deixei-me seduzir". Penso que a questão está mesmo aí: Primeiro, em deixar-se seduzir e depois, em viver de acordo com esse apelo e essa sedução, tendo presente que Jesus é amor e está sempre connosco mesmo quando a dor, o sofrimento, a inquietação nos invade.
Continuei desfrutando dessa quietude e desse silêncio que nos torna mais capazes de ouvir a voz que é silêncio mas fala dentro do nosso coração.
Saí diferente? Certamente não. Os problemas, as inquietações, as dúvidas persistem ...
Mas voltei às ocupações que me esperavam com a certeza que tudo vale a pena quando abrimos o nosso coração à graça.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.