"Andar de cavalo para burro" foi uma afirmação que ouvi hoje não sei dirigida a quem nem a que propósito ou contexto.
Contudo, chamou-me a atenção porque é uma expressão muito vulgar, que se ouve com alguma frequência, nas situações mais diversas. Em sentido imediato aplica-se quando alguém passa duma situação melhor para outra menos boa. Desceste as notas; logo, andaste de cavalo para burro...
Aqui há tempos li-a utilizada para definir a situação de muitos jovens que, porque desempregados, tiveram que deixar as suas casas, as suas regalias e voltar à dependência da casa dos pais.
Mas afinal, o que consideramos estar de cavalo e o que é, para nós, posicionarmo-nos no burro? Afinal, são dois animais, cada um com as suas características, a sua genética, as suas aptidões, os seus hábitos. Talvez possamos considerar o cavalo mais elegante, com linhas mais estruturadas, mais veloz... Mas o burro é mais potente, mais trabalhador, tem mais força.
Por ventura, por isso, o cavalo é mais qualquer coisa que o burro? Merece mais consideração, tem mais valor?
E quantos de nós passamos de cavalo para burro sem ser por estarmos necessàriamente piores? E piores em quê? Em bens materiais, em emprego, em modo de vida?
É tudo uma questão de perspectiva e sobretudo de valores. Quando encaramos somente determinadas concepções , quando possuímos determinada mentalidade, corremos o risco de ver as coisas somente de um lado e temos a tendência de as ver sempre do lado melhor, para o pior. E nunca pelos olhos de Deus...
É aliás a atitude do pessimista que não confia no Pai e não acredita que "nada acontece por acaso".
Aprendamos a sorrir aos acontecimentos, mesmo quando difíceis e incompreensíveis. Olhemo-los como um "acidente" permitido por Deus e donde iremos tirar o maior partido. É a posição do optimista, aquela que o Pai espera de nós e que nos faz mais felizes.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
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