Mais uma ida ao hospital. A quarta nestes últimos tempos. Cada uma a seu hospital e nunca eu a doente. Simplesmente a acompanhante.
Hospitais diferentes, públicos ou privados,mas com situações muito idênticas. Mandam-nos estar a certa hora da manhã e nós convencemo-nos que a consulta vai ser à hora que nos marcaram.
Equívoco!
Esquecemo-nos das "esperas" : espera para tirar a senha, espera para entrar para a "sala de espera" , espera pela nossa vez, e, no fim... espera para fazer a marcação da consulta que o médico já marcou.
No fim foi uma manhã inteira para, quando muito, um quarto de hora de consulta.
Mas o que me incomoda mais não é bem isto. São as dezenas de doentes, a maioria idosos e muitas vezes inválidos, ali em pé. esperando resignadamente a vez de serem chamados para que o médico os veja.
Em pé, sim!... porque em alguns hospitais, para as dezenas de pessoas, há aí um terço de cadeiras disponíveis. Mas ninguém desiste. Esperam. Talvez nem sequer impacientes, como eu. Simplesmente aceitando a situação.
De vez em quando passam médicos, bata branca aberta, a esvoaçar, estetoscópio pendurado, olhar distante. Certamente têm tanto que pensar que nem se apercebem que ali está gente que sofre e que precisava, ao menos, dum sorriso.
Os enfermeiros fazem uma aparição rápida. Ali, não são necessários. São tudo doentes ou acompanhantes (poucos) mas sem necessidade de apoio de enfermagem.
E a manhã vai passando, entre algumas conversas e as chamadas lentas para as consultas. Quando alguém se levanta, logo um grupo se movimenta na tentativa de ocupar o lugar que ficou vazio. Nunca tentei . Para quê? E por quê? Havia ali pessoas que precisavam bem mais do que eu dum sítio para descansarem um pouco.
Também não me irritei mas ainda menos me resignei com a situação.
Fiquei pensando em toda aquela gente, mais ou menos entregue à sua sorte e com quem ninguém se preocupava, para quem ninguém olhava.
"Bem aventurados... diria Jesus no Sermão da Montanha. Mas... onde centramos a nossa misericórdia e o nosso amor?
Estas visitas são uma lição para a nossa indiferença e o nosso egoísmo.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.
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