terça-feira, 25 de novembro de 2014

Memórias

No domingo a Igreja celebrou a Festa de Cristo Rei.
Quando eu era jovem, este era um grande dia para a Acção Católica.
Reuniam-se na Sé todos os dirigentes dos vários ramos da A.C. para fazerem o seu juramento : 
"... Assim prometo e juro e assim Deus me ajude " 
Era pessoal, colectivo e impressionante:
Agrários, estudantes, independentes, operários, universitários,todos juntos num mesmo sentimento e em igual desejo: servir a Igreja e testemunhar o Evangelho.
Saias ou calças azul escuras e blusas azuis claras enchiam a Sé. Todos orgulhosos da missão a que se tinham dedicado e da causa que tinham prometido servir : Jesus Cristo, Senhor e Rei do Universo.
Não sei explicar o que todos e cada um sentia. Só sei que ser da A.C. era algo que modificava a vida e nos fazia ser diferentes. Não nos cansavam as reuniões em que participávamos; não nos enfastiavam as várias acções de que nos encarregavam; não nos sentíamos descriminados, antes orgulhosos por usar um emblema que testemunhava o zelo pelo apostolado que tínhamos jurado praticar.
E vivíamos o Hino que cantávamos: 
                                                      Abram alas, terra em fora
                                                      por entre frémitos de luz.
                                                      Deus nos chama é nossa a hora
                 Àlerta pela cruz....
Foi assim até vir para o convento. Primeiro na JECF e depois na JUCF. Sempre estive "ao serviço"
Ainda me lembro do entusiasmo com que me preparei para receber emblema. Sim! na altura não era brincadeira nenhuma... Havia que se trabalhar em três vertentes "ver, julgar e agir" no nosso meio.O que era necessário fazer e como fazer. Depois, a nossa acção, o nosso empenhamento, eram  apreciados e valorizados ou não.
Bons tempos? Outros tempos!...
Ao vir para o Ramalhão, deixei a Acção Católica. Mas não a esqueci e à influência que ela teve em mim. Até trouxe o emblema que mantenho guardado...
Mas, não alimentei saudades. Outros caminhos se me depararam; outras actividades me esperavam. E ser Dominicana não é um modo de servir a Igreja, espalhar a Verdade, testemunhar o Evangelho? E não tinha o mesmo entusiasmo e o mesmo empenhamento dos meus tempos de estudante?
Os tempos mudaram! A Acção Católica "morreu" ou quase. Outros movimentos surgiram .
Que sirvam a Igreja com o mesmo entusiasmo com que a A.C. a serviu.
                        Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


2 comentários:

  1. Querida Irmã Teresa
    Creio que a Acção Católica marcou muita gente, e se alguns acontecimentos históricos e até políticos ocorreram neste país, alguma coisa, ou até bastante, se deve à Acção Católica, à cultura juvenil que ela ajudou a formar.
    Faz-nos falta, tal como me dizia uma outra militante aqui em Cristo Rei no domingo passado, também ela marcada por essa memória do juramento e do encontro dos vários movimentos.
    Face às novas realidades sociais e culturais, "ver, julgar e agir", continua extremamente válido e necessário. Que os jovens possam descobrir a Acção Católica e empenhar-se com a alegria do Evangelho, como nos testemunha.
    Um grande abraço.
    Frei José Carlos Almeida, OP

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  2. Obrigada, Frei José Carlos, por tudo o que diz e me dá alento para acreditar que novos grupos de jovens vão empenhar-se, com a mesma alegria e entusiasmo, na
    difusão do Evangelho. Faz falta aos jovens de hoje essa cultura de responsabilidade
    e empenhamento que a A.C. nos incutia. São valores que formam e permanecem.
    Um grande e amigo abraço
    Ir. Teresa,O.P.

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