segunda-feira, 15 de junho de 2015

Paradoxos

Um dia destes ao ler um excerto do discurso de Sofar sobre retribuição saltou-me aos olhos esta frase " Se Deus falasse e abrisse os lábios para responder, se revelasse os mistérios da sabedoria que desconcertam o entendimento..." e apeteceu-me acrescentar: teríamos menos inquietações, poríamos menos interrogações e viveríamos com mais certezas.
Simplesmente, Deus não é assim que procede. Ele deseja que a Fé alimente a nossa inteligência e o nosso querer. Ele fala-nos através dos acontecimentos e daqueles que nos rodeiam; revela-nos os mistérios da sabedoria por meio das interrogações que  nós  próprios  nos   pomos a propósito das situações do dia-a-dia.
O nosso Deus é um Deus escondido que pretende que O procuremos; que quer que tenhamos a certeza de que está presente mesmo quando não O sentimos nem nos apercebemos da Sua presença e da Sua acção. É que Deus nos presenteou com a Fé e através dela descortinamos e acreditamos mesmo no que está oculto aos nossos olhos e imperceptível  aos nossos sentidos.
Aliás, coisa impressionante! Outro dia, um amigo meu chamou-me a atenção, a propósito da questão da Fé,
para o facto de que, segundo S. Tomás de Aquino, a Fé é uma questão de vontade.
Fiquei a olhar para ele algo céptica. É que numa primeira abordagem pareceu-me estranha esta afirmação.Mas, se S. Tomás diz... S. Tomás é S. Tomás...
E depois, pensando melhor... realmente para o que vemos não precisamos de Fé. Ela exige-se quando nos propomos acreditar naquilo que não vemos. E, como dizia o meu amigo,para dar esse salto no escuro, temos que querer fazê-lo. E isso, é um acto de vontade.
" Senhor, eu creio, mas aumentai a minha Fé"
        Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

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