Há amigos meus diante dos quais fico impressionada pela humildade com que são capazes de apresentar a verdade do seu "eu" , num desnudar da sua realidade e do seu íntimo. Parecem livros abertos em que a verdade se apresenta.
Mas há outras pessoas que se dizem "chocadas" com tal abertura de alma porque consideram que isto as expõe à incompreensão e má interpretação de quem os ouve ou lê.
Eu também fico "chocada" mas é no bom sentido. Esses amigos tocam-me profundamente com essa capacidade de abrir a alma , capacidade que eu não tenho. Sensibiliza-me que um amigo meu seja capaz duma atitude de humildade e simplicidade que o leva a apresentar as suas alegrias e tristezas, as suas aspirações e desânimos, os seus triunfos e derrotas. É um incentivo para todos nós e uma graça. No fundo, é a sua manifestação de humanidade. E, alguém pode pensar em "pessoa" sem descortinar sentimentos, sem reconhecer alegrias e dores, sem imaginar vitórias e pecado?
Até Jesus se nos revelou na Sua humanidade quando pede ao Pai para afastar dele aquele cálice, quando chora pela morte de Lázaro, quando olha com complacência o jovem rico que se afasta, quando acolhe Nicodemos que vem até Ele e Lhe revela a sua Fé...
Realmente era bom que todos fôssemos capazes de nos mostrarmos iguais a nós mesmos diante do Pai e dos irmãos. Era excelente que a humildade nos permitisse despir a carapaça de que nos revestimos e mostrar o Bem e o Mal que há em nós.
Talvez ser essa a nossa intenção para o resto desta Quaresma...
Pelo menos, para os que não têm como arma a humildade, alicerçada na Fé e no Amor.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.
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