quinta-feira, 12 de março de 2015

Apelo indirecto

Ler a transfiguração no Evangelho de S. Mateus sempre me confunde e impressiona.
É um apelo velado, um recado por via indirecta.
Esta descrição contem, no seu realismo, uma série de verdades que são mensagens para nós descodificarmos, recados directos ou indirectos.
A primeira realidade: a revelação de que Jesus é o Filho de Deus feito Homem. Uma verdade conhecida mas sempre nova se a quisermos aceitar e viver na novidade de cada dia.
Depois, a atitude dos Apóstolos: espantados, emocionados mas felizes também. Dobram-se até ao chão mas não é o medo que os põe nesta atitude. É a certeza duma realidade que os transcende e não podem entender até ao fim. É uma atitude de submissão, de veneração, de abandono perante o "grande", o divino. Respondem com um acto de generosidade espontânea: "Façamos aqui três tendas..." Mas não são para eles, não. São para Jesus , para Moisés, para Elias...
É uma lição que nos dão. Mais uma : a generosidade face à revelação que acabaram de receber e que não os faz fechar em si mesmos. Para eles, apenas a felicidade de estarem ali.
Mas... surpresa! É preciso regressar e fazê-lo sem protestos nem lamentos. Outra lição, esta de submissão e disponibilidade, ao aceitarem guardar para eles tudo o que viram e ouviram.
Guardar... até quando? "... até que Eu tenha ressuscitado"
Não perguntam mais nada. Aceitam simplesmente guardar tudo no fundo dos seus corações. E por quê?
Simplesmente porque confiam, acreditam naquele a quem chamam Mestre.
É esta a atitude confiante que precisamos ter. É este o recado que o Evangelho nos transmite.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

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