quarta-feira, 22 de abril de 2015

Ontem, hoje e amanhã

O sol "nasce" cada manhã!
Cada dia é um novo dia!
Quaisquer que tenham sido as sombras da noite, independentemente das trevas que nos envolveram "ontem", o "hoje" é um novo dia em que o sol reaparece e nos quer iluminar e alegrar com a sua luz e o seu esplendor.
É um Hino à alegria e à esperança.
O "ontem" passou e o "amanhã" ainda não chegou. O "hoje" é que temos que viver em plenitude certos de que Deus nunca nos abandona nem nos pede nada para além das nossas forças.
O sol "nasce" cada dia! É uma lufada de esperança que deve dar alento ao nosso esforço, certeza na nossa caminhada.
É esta certeza que nos falta muitas vezes. Vemos o sol mas não acreditamos na sua luz e não confiamos que o "amanhã" vai ser melhor que o "hoje " e diferente do "ontem".
Onde está a nossa Fé?
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P. 

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Silêncio versus palavra

Lembrar Lázaro e o silêncio de Jesus reporta-nos a Betânia, à casa de família, à visita do Mestre às duas irmãs Marta e Maria . 
Evoca-se uma outra cena anterior à morte de Lázaro mas em que também o silêncio é felicitado.
Jesus chegou com os seus apóstolos. Marta afadiga-se a preparar tudo para a refeição.  Maria, sentada aos pés do Mestre, escuta- O em silêncio.
Desta vez não é o silêncio de Deus que está em causa.Deus fala através do Seu Filho. Fala a Maria e, certamente, dirige-se a nós também.
A nossa atenção deve centrar-se em Maria que, absorta, longe das preocupações e dos trabalhos, cria um clima de silêncio em que a palavra do Senhor se desenvolve.
Nem o chamamento da irmã e o apelo para a ajudar a faz afastar daqueles minutos de atenção, de contemplação.
Nem o pedido nem a censura feita perante Jesus a demove.
Permanece atenta, silenciosa.
E qual é a resposta de  Jesus? " Maria escolheu a melhor parte que não lhe será tirada"
É uma chamada de atenção para nós. É a recomendação de que precisamos criar  clima, ambiente, atitude, para podermos escutar Jesus. Ele nem sempre fala; nem sempre nos responde, nem sempre parece preocupado  e interessado nas nossas dificuldades e inquietações. Mas está presente!
Só que a sua presença é uma "conquista" , um esforço de interioridade e de diálogo.
Não O podemos ouvir se não criarmos as condições necessárias, se em redor de nós não existir a escuta de Maria.

Ir. Maria de Carvalho Ribeiro, O.P.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Dia Internacional da voz

Voz... som... palavras... canto... louvor... Tanta coisa que nos vem à memória quando pensamos neste dom que nos foi dado para podermos comunicar, para entrarmos em contacto com os outros, para nos dirigirmos a Deus sem ser só em espírito.
E, ao falarmos em voz, em som, vem-nos imediatamente à memória o seu antagonismo - o silêncio.
O grande silêncio aquando da morte de Jesus, o silêncio da natureza quando tudo se cala e o mundo parece parar, o silêncio que, às vezes, somos capazes de criar em redor de nós, o silêncio de Deus. E este, é para nós, desconcertante, incompreensível, indecifrável.
E, por falar em silêncio de Deus, lembro-me duma conversa que tive há pouco tempo e que incluía um outro homem citado no Evangelho : Lázaro.
Lázaro era amigo de Jesus, irmão de Marta e de Maria, aquela família em casa de quem o Mestre ficava muitas vezes...
Mas Lázaro morreu. Vieram dar a notícia a Jesus mas Ele não se apressou em ir ao encontro da família, não se mostrou abalado com a dor que eles certamente sentiam. Ficou ainda dois dias no lugar onde estava e, não disse nada. Silêncio!...
Podemo-nos perguntar porquê, qual o motivo deste silêncio e desta espera.
Afinal, Jesus foi lá e ressuscitou Lázaro...
Talvez quisesse experimentar a Fé das duas irmãs, dos discípulos, de quantos O seguiam... Talvez nos quisesse dizer  que a resposta geralmente não é imediata, pode chegar tarde ou não chegar. Talvez pretendesse ensinar-nos que a oração tem um lugar privilegiado na hierarquia dos valores...  Talvez procurasse fazer-nos sentir que devemos entrar em relação com Aquele que permanece invisível... Talvez...
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

" Desce depressa..."

Outro personagem que os Evangelhos nos apresentam e nos desconcerta é Zaqueu.
Era um "pecador", cobrador de impostos ao serviço dos romanos, ladrão, parece...
Mas ouve falar de Jesus e resolve conhecê-lo. Curiosidade? Talvez... Mas não só.
Quer ver Jesus mas a multidão que O rodeia não lhe permite esta visão. "Ele era de pequena estatura" diz-nos o Evangelho. Mas isso não desarma as suas intenções. A solução está dentro das suas possibilidades. E sobe a uma árvore. Esconde-se talvez. Ele só quer ver aquele Homem de quem todos falam  e que tantos acompanham.
Mas o seu gesto foi suficiente para Jesus : " Desce que eu hoje fico em tua casa..."~
Mais nada! Mas foi o suficiente para mudar a vida daquele homem. Também ele, como Nicodemos, percebeu o que significa "renascer".
" Vou distribuir aos pobres metade dos meus bens e se enganei alguém restituirei o quádruplo!"
Mas para Jesus o importante tinha sido o primeiro gesto, o querer vê-Lo . Isso significou o princípio de tudo, a atitude que levaria à mudança de vida
Talvez a nós nos falte, por vezes, este primeiro gesto, aquele que fará Jesus vir viver na "nossa casa"
             Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Homens do Evangelho

O Evangelho de S. João apresenta-nos Nicodemos como um personagem interessante.É um membro do Sinédrio, influente, conhecedor da Lei. Vem falar com Jesus e chama-lhe Rabi. Afirma que todos sabem que ele vem da parte de Deus como um Mestre pois "ninguém podia fazer os sinais que ele faz se não fosse enviado por Deus". Nicodemos vem falar com o Mestre; sabe quem Ele é; dá o seu testemunho de Fé. Mas vem de noite , com medo dos judeus. Ele era uma pessoa importante e tinha receio de ser identificado como seguidor de Jesus. Tinha medo, mas sabia que valia a pena conhecer aquele Homem, diferente dos outros, que "tinha palavras de vida eterna".
Veio e ouviu o Senhor dizer-lhe que era preciso renascer se queria ver o Reino de Deus. Ouviu e ficou chocado, como é natural e fez as suas perguntas; questionou Jesus e Ele respondeu-lhe.
O Mestre não se importa que O interroguemos, que Lhe apresentemos as nossas dúvidas, que Lhe ponhamos as nossas questões...
Foi o que Nicodemos fez  e certamente saiu confiante. Percebeu o que era "renascer": lavar-se nas águas do Baptismo,encher-se com a graça do Espírito Santo, mudar de vida.
E certamente deixou de ter medo. Foi ele que veio trazer os perfumes para, com José de Arimatéia, embalsamar o corpo de Jesus.
Tudo muda, tudo se altera, tudo se modifica, quando temos a coragem de "nascer de novo".
Podemos ter medo, contestar, pedir explicações... mas se confiamos, se renascemos, podemos antever o Reino de Deus. Mesmo quando Deus não nos dá respostas claras...
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Auto-avaliação

IC19 -"estrada" Lisboa-Sintra. Oito horas da manhã.Três filas de carros a passo lento seguem ao ritmo do pára-arranca.
Nada de especial. Rostos mais ou menos enfastiados o que também é natural. Uma viagem de 30m em condições normais, a esta hora, leva o dobro do tempo. Pelo menos...
De onde em onde, abre-se uma janela dum qualquer carro e uma "beata" cai no cinzento da estrada.
Olho pela minha janela... Talvez para descobrir o dono da "beata". Mas não consigo. Em contra partida vejo um senhor que aproveita o tempo para ler as últimas notícias, enquanto movimenta o volante do automóvel. Noutro, uma jovem retoca a pintura dos olhos e penteia os longos cabelos.
Várias maneiras de aproveitar este tempo ...
Eu, continuo observando. De repente um grande cartaz me chama a atenção. Nele, uma meia-frase provocatória : "Ser professor é..."
Aqui há uns anos eu seria capaz de completar esta frase com todo o meu entusiasmo. Diria que era uma vocação, uma opção de vida, um desejo de ser útil, transmitindo conhecimentos e vida.
Mas ontem , falando com um grupo de professores no activo, senti uma sensação estranha, como se tivesse levado uma pancada na cabeça. É que depreendi que eles pensavam que ser professor hoje é como pôr-se ao serviço "duma causa quase perdida".
Desilusão. Mas não quero acreditar. Afinal, não sabíamos já que escolher esta profissão era fazer uma opção difícil, em que se tem que fazer tudo sem esperar recompensa?!...
Continuemos a confiar e a dar o nosso melhor, junto dos nossos alunos, porque "podemos tudo n´Aquele que nos conforta".
                        Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

domingo, 5 de abril de 2015

Manhã de Páscoa

              

                            Alleluia! Alleluia!  Não está cá, Ressuscitou....




                " Não me toques que ainda não fui para o Pai...
                  Vai dizer aos meus irmãos..."

sábado, 4 de abril de 2015

O Grande silêncio

" E um grande silêncio se estendeu sobre a terra... "
Nesse silêncio relembro as estações da Via Sacra que ontem percorri. E mais um vez me detenho pensando no Cireneu, aquele homem que é instigado a levar a cruz de Jesus. É um estranho que passa " no lugar errado, à hora errada". E os soldados aproveitam para exigir que ele ajude a levar a cruz. Ninguém lhe pergunta se está disposto... se quer... se pode... Impõem-lhe uma acção que, noutras circunstâncias, seria uma caridade.
Mas o que sempre me choca, me impressiona, me faz pensar, não é bem o Cireneu e a sua ajuda. É antes a atitude de Jesus que se deixa ajudar por aquele estranho que os soldados lhe impõem.
Está demasiado cansado para protestar? Sabe quem é o homem que afinal não é um desconhecido? Acha que qualquer ajuda é bem vinda no seu estado de esgotamento?
Nada disso! Simplesmente é mais uma lição que Jesus nos quer dar. É preciso que olhemos para os que passam ao nosso lado, sejam eles quem forem. É importante que façamos calar o nosso orgulho e deixemos que nos ajudem, permitamos que toda e qualquer ajuda oferecida seja aceite.
Tantas vezes nos queixamos de não encontrar o consolo, o apoio, a ajuda dos amigos e não vemos a mão estendida que se nos oferece.
Tenhamos presente a lição de Jesus.

Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Sexta-feira Santa

..." Jesus passou para o outro lado da corrente do Cédron..."
Ia com os Apóstolos, os seus amigos.Mas afastou-se deles para falar com o Pai, dizer-Lhe da Sua dor, da Sua angústia , da Sua aflição.
O Seu espírito estava pronto mas a Sua humanidade sofria a angústia dos acontecimentos que se aproximavam. Procurou o apoio dos apóstolos mas eles estavam a dormir... " Nem uma hora pudestes vigiar comigo?"
E a situação repete-se. Jesus continua na sua situação angustiante e os apóstolos a dormir...
Connosco também acontece assim, por vezes. Necessitamos uma palavra amiga mas os amigos estão longe, silenciosos... Mas estão! Os apóstolos também estavam...
Depois, Jesus coloca-se nas mãos do Pai e encontra o ânimo de que necessita. E diz aos apóstolos : " Podeis dormir agora!"
Mas já não há tempo. Chega Judas e os soldados. Jesus é preso. Inicia-se o seu percurso de Anás para Caifás, para o pretório, para Pilatos, para a multidão ululante que pede a Sua condenação: Crucifica-o; crucifica-o.
Pedro, cá fora, não tem coragem de afirmar a sua pertença ao grupo dos amigos de Cristo. Mas chora , quando o Senhor o olha. E, de longe, vai acompanhando o caminho até ao calvário.
Lá, do alto da Cruz, Jesus dá-nos a Sua mãe, antes das últimas palavras:
" Nas tuas mãos , ó Pai, entrego o meu espírito "
Ir.M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

A Última Ceia

Quinta feira Santa!
Festa da Eucaristia. Lembrança daquela última ceia, palco de tantos acontecimentos magníficos e emocionantes: o lava-pés, as contestações de Pedro, a instituição da Eucaristia, a denúncia do traidor, o mandamento novo...
Sentada no banco da nossa capela do Ramalhão revivi tudo isso ao mesmo tempo que relembrei uma ida a Milão, ao convento de Santa Maria delle Grazie que é património mundial da humanidade.
Mas não foi por isso que lá fomos.
Deslocámo-nos lá para admirar o fresco da Última Ceia de Leonardo da Vinci, que se encontra na parede central do antigo refeitório dos frades daquele convento dominicano.
E valeu a pena!
É que temos a sensação de estar lá, naquela sala em que Jesus quis viver a sua Última Ceia e deixar-no a Sua presença  como alimento. No silêncio que se estabeleceu, um silêncio de graça e de dom, parecia que tudo se tornava real :
Jesus, despindo o manto para lavar os pés aos apóstolos...        
Pedro recalcitrando, junto ao Mestre...
João, reclinado sobre o peito de Jesus, interrogando-o sobre o traidor...
Judas comendo o pão molhado e saindo precipitadamente...
Jesus instituindo a Eucaristia e recitando a Oração sapiencial...

E rezámos! silenciosamente, agradecendo a graça de estar ali, tal e qual como se estivéssemos em Jerusalém naquele fim de tarde.
Hoje, aqui, no Ramalhão, vamos repetir tudo isso.
Que cada um, na sua casa, na sua Igreja, na sua terra, agradeça o dom da oferta de Jesus, do Seu Amor por nós.
                 Ir.Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.