quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A magia do poder

Olhando à nossa roda apercebemo-nos com facilidade  que, quer sejamos adultos ,jovens ou crianças, há em todos uma sede imensa de poder, um desejo de mandar, uma necessidade de ser reconhecido.
Mesmo a criança, a quem se dá "dez reis" de liberdade se julga já única e insubstituível.
O jovem, que conseguiu ganhar uma competição desportiva, um prémio escolar, que sei eu... pensa já que é o centro do mundo  e dono do poder e da glória.
E os adultos? Esses então... ao conseguirem um lugar de destaque consideram que todos os outros lhes devem vassalagem.
Claro que estou a exagerar e a atribuir a todos aquilo que apenas respeita a uma parte, mas a magia do poder é muito cativante. No entanto, como são efémeros e transitórios o poder, a fama, a glória!...
E mais ainda se não os conquistámos com esforço e trabalho, se não os aceitamos com humildade, se não fizémos da nossa vida uma contínua acção de graças ao Pai e de inteira disponibilidade aos irmãos.
Não podemos esquecer a palavra de Jesus: " Quem quiser ser o primeiro, faça-se o servo de todos" e
ponhamo-la em prática
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sábado, 19 de setembro de 2015

O lugar do Encontro

"Tudo na nossa vida começa com um encontro" É a frase que, debaixo da torre da entrada, procura chamar a atenção de todos os que passam fazendo-lhes o convite para a reflexão sobre a importância do encontro.
Parei para reflectir neste tema do "encontro". O primeiro passo, foi no momento da concepção, por vontade dos nossos pais que quiseram colaborar com Deus. Mas depois, quantos momentos de encontro!... A começar no nascimento, o primeiro embate com a Vida; no Baptismo, o encontro com a Trindade que nos transmitiu a Graça; na Comunhão, o encontro com Jesus que nos alimenta e transmite a força para ser cada vez melhor; na opção por um caminho, qualquer que seja a nossa vocação. E no fim, quando os nossos dias terminarem, o encontro definitivo com o Pai, para a Vida eterna.
E o encontro com os outros... quantas lições de vidas; quanta aprendizagem; quantas amizades construídas...
Mas tudo isto só é possível quando começamos por nos encontrar com Deus e connosco mesmos, quando entramos dentro de nós e descobrimos o dom de Deus, as graças que encheram os nossos dias, os avanços e recuos que marcaram a nossa caminhada, as luzes e as trevas que povoaram a nossa vida.
O nosso encontro, autêntico e verdadeiro, com o Pai só é possível se Jesus, o filho de Deus feito Homem , ocupar o lugar central na nossa vida.
Não deixemos que tudo e os outros ocupem o lugar d´Ele.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Mudança de estação

Está a começar o Outono e já se faz anunciar: tempo um pouco mais fresco, sol encoberto, uns pingos de chuva agora e depois...
É uma estação que eu aprecio. Já não há o calor incomodativo do Verão mas também ainda não chegou o rigor do Inverno. Podemos chamar-lhe uma "estação intermédia". Não é que eu aprecie situações intermédias, mas em relação ao Outono é deferente. Sobretudo as tardes , cheias de encanto e nostalgia, criam um clima de reflexão bem agradável.
Recordo os Outonos da minha infância e adolescência. Quando vínhamos das aulas e ao atravessar o Jardim da Estrela sentíamos o som magoado das folhas secas que pisávamos.
Às vezes fazíamos concursos a ver quem conseguia passar pisando menos folhas. Não queríamos que elas chorassem.
Imaginação fértil e sensível de crianças...
São recordações alegres e tristes doutros tempos . Lembranças de situações e épocas em que as preocupações eram outras  mas no nosso coração de jovens já havia a preocupação pelo encanto da Natureza.
O Outono vai-se anunciando. O velho plátano do pátio principal vai-se despindo, lentamente da sua folhagem.
Ainda há poucas folhas no chão mas muito em breve constituirão uma camada que também chorará sob os nossos pés. Todos os dias olho pela janela e vejo o avanço que o Outono vai fazendo. Mas olho e penso que nesta sucessão dos tempos há sempre razões para dar graças a Deus. Saibamos encontrá-las e louvar ao Senhor da Terra e dos céus.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

domingo, 13 de setembro de 2015

Respostas que comprometem

Quem dizem os homens que Eu sou? pergunta Jesus
Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo -responde Pedro
E quem dizemos nós que é Jesus?
Um homem que viveu, morreu e ressuscitou há 20 séculos?
Um Deus que se fez homem por Amor dos homens?
Um profeta que nos veio anunciar uma mensagem de paz e amor?
Um pai que espera confiante o filho que  se afastou indiferente ?
Um irmão que nos acompanha nas iniciativas e projectos?
Um Amigo que diz a palavra certa no momento certo?
Tudo isto, ou nada disto?
Quem é, de facto, Jesus para nós? Qual o papel que desempenha nas nossas vidas? Qual o lugar que tem no nosso dia-a-dia?
A nossa resposta à pergunta que baila no nosso coração -Quem é Jesus para mim? - é essencial. E, qualquer que ela seja, vai marcar as opções que fizermos. Mas, não muda o olhar de Jesus sobre nós...
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

domingo, 6 de setembro de 2015

Dúvidas e certezas

Ao abrir o Breviário, mais uma vez me deparei com aquela interrogação de S. Pedro:" Quem me pode separar do amor de Deus?"
E penso que é uma pergunta que podemos e devemos fazer quando, numa etapa mais ou menos avançada da vida, olhamos para trás e tentamos uma análise do percurso feito.
Alguma coisa nos podia ter separado do amor de Deus? A dor, a incerteza, a desgraça, a inquietação, a dúvida?!...
Mas às vezes sentimo-Lo distante, ausente, longe das nossas realidades e do nosso mundo...
Ou seremos nós que nos afastámos, que fechámos o coração, que nos esquecemos que Ele é um Deus que nos fala no silêncio, um Deus ausente que temos que procurar?!... 
Procurar Deus em cada momento, tendo a certeza que Ele está, mesmo quando não O vemos nem sentimos, não é tarefa fácil. No entanto, somos animados pela Fé e confiamos nas palavras da Escritura.
É possível que, como o filho pródigo, tenhamos partido para terras longínquas, tenhamos falado novas línguas, experimentado desconhecidos prazeres...
São as fraquezas da nossa humanidade que nos afastam do Pai mas não nos podem separar d´Ele.
Ele, permanece lá, atento, à espera que regressemos, para nos acolher com o Seu Amor.
           Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sábado, 5 de setembro de 2015

Olha e Vê

"
Olha , Amigo e vê
Vê um mar de gentes
sem ninguém para as apoiar ou compreender.
Vê o sol
que todos os dias nasce para todos
sem se importar com raça ou cor
Vê a Terra
que dá fruto quando lhe lançam a semente
para ela gerar como uma mãe gera um filho.
E esse fruto nascido da terra
vai alimentar muitas bocas que estão à sua espera,
como se fosse algo sagrado.
Vê o que se passa à tua volta.
Acorda desse pesadelo
que não dá pão a ninguém e se chama indiferença,
e luta por um mundo melhor

Vê a vida que pulsa em ti .
Aceita o desafio da Paz.
Para vencer a guerra,
a fome,
a pobreza
e a incompreensão.
Mostra que sabes ser humano
e ajuda a lutar
contra tudo o que está mal no mundo.
Junta-te a outros irmãos
que, como tu, querem acordar da escuridão
e ver o sol
todos os dias,
levantar-se para todos"

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Papa e santo

Ontem, a Igreja Católica fazia memória dum grande homem, um Santo: o papa Gregório Magno.
Numa das suas homilias, do Ofício de Leituras, ele levanta um problema que nos dá, simultâneamente, uma lição. Fala-nos em como a vida activa põe dificuldades à oração e à contemplação. Relata-nos como era mais "eficiente", em termos de reflexão e interioridade , o tempo que passara no mosteiro.
E isto reporta-me a uma outra leitura, doutro autor, em que se fazia notar como o silêncio era importante para a vida interior.
Simplesmente, como S. Gregório, somos solicitados por mil situações de ruído e de escuta. Como ele, temos dificuldade em criar o clima que nos seja favorável ao encontro com Deus e connosco.
É a grande aprendizagem que temos que fazer, sabendo que é no silêncio que Deus nos fala. Ele é   um Deus de silêncio. 
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.                                                                            

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Projectos e realidades

As férias, o mar, as mudanças de actividade não fazem esquecer um passado que nós vivemos e construiu o "ontem" que nos encheu.
Claro que o "presente é sempre um instante entre o passado que já não é e o futuro que ainda não foi"... Talvez por isso mesmo, tudo o que ainda não vivemos vai ser norteado e marcado por aquilo que construímos e experimentámos.
O ano escolar vai recomeçar. As escolas vão estar novamente cheias de crianças e jovens. Vão recomeçar os gritos, os risos, as brincadeiras. 
As responsabilidades e o trabalho voltarão a povoar os dias de professores e alunos. As pastas, os livros novos, as roupas ainda de Verão apresentar-se-ão em profusão.
Nas ruas, outra animação se sente já. Mesmo o trânsito começa a retomar o ritmo mais acelerado de quem tem um horário a cumprir.
As Janelas das casas começam a abrir-se mais cedo numa tentativa de adaptação a novos esquemas e os jardins e praças a reflectir uma animação que não é da Primavera que vai chegar mas sim da juventude, neste período de expectativa.
Às vezes, vê-se alguns jovens subir os degraus duma qualquer igreja próxima. Vão aproveitar para pedira protecção do Pai, o apoio de Maria. Fazem bem, pedir apoio neste início de ano. Outros confiam apenas nas suas capacidades e nas circunstâncias... Mas todos parecem encarar com entusiasmo o ano que começa. Ainda não é o momento das preocupações com testes e notas. Agora, apenas a alegria de rever os amigos, de contar aventuras, de saber novidades.
Saudemos o ano que chega e procuremos vivê-lo com Fé e com Esperança.
                  Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Regresso à actividade

As férias estão a acabar!
Dizem-no os filhos com tristeza; repetem-no os pais com inquietação mas também com algum alívio.
As férias estão a acabar... comentam todos aqueles que as tiveram, claro!...
Mas com férias ou sem férias a verdade é que o mês de Agosto já terminou e o de Setembro se iniciou com um ar bastante outonal. Será para não deixar tantas saudades?!...
Está um sol meio triste, um tempo nublado, uma brisa fresca. Até as pessoas se apresentam menos bem dispostas ainda que tentando parecer divertidas.
Mas é assim o ciclo das estações e a sequência dos tempos.
Não podemos ficar lamentando o que passou e aspirando pelo que ainda não chegou. Demos graças pelo momento presente e alegremo-nos com o que Deus nos vai proporcionando.
Saber agradecer o que se tem é capaz de ser um dom, mas é também uma necessidade. Façamo-lo cada dia e procuremos viver cada graça, cada acontecimento com a novidade que ele nos proporciona.
                  Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.