domingo, 31 de janeiro de 2016

Ainda com Nossa Senhora

Nossa Senhora tinha vindo ao Ramalhão. Tinha estado connosco. As Irmãs e o  Colégio inteiro a tinham cumprimentado e rezado com ela. Feitas as despedidas, dito o último adeus com lenços brancos a acenar... o pátio foi-se despejando lentamente. Nossa Senhora desceu a rampa acompanhada por Irmãs e alunos. Foi...para outras paragens .
Mas a comoção ficou.
Lentamente voltei ao pátio principal, cumprimentando antigas alunas, pais de alunos, pessoas conhecidas.
Eis quando uma senhora se aproxima de mim e me pergunta : "Aqui na capela não há confissões?"
Expliquei-lhe que não era uma paróquia, que as Irmãs tinham um confessor que vinha regularmente mas não estava em permanência, que o capelão confessaria se lhe pedisse, antes da Missa.
A senhora aproveitou para se lamentar da indisponibilidade dos sacerdotes e da maneira leviana como tanta gente encara a confissão. " Como queremos ser santos se desperdiçamos esta graça?..."
Depois dela ir embora fiquei a pensar na cara que muitos jovens fazem quando lhes falamos da confissão: "Confessar? Hum!... Para quê?" e muitos acrescentam: " Eu rezo a confissão na Missa e o padre perdoa..."
Não sei se por detrás disto tudo está simples ignorância ou antes um conjunto de pequenas - grandes coisas que nos incomodam e temos vergonha de confiar a outro.
Esquecemo-nos que esse outro está ali no lugar de Jesus Cristo e que com o seu perdão nos dá a graça do Pai. Acho que todos os que engelham o nariz, ao ouvir a palavra confissão, deviam experimentar porque então veriam que inquietações, dores e dúvidas teriam uma outra dimensão.
 Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Sinais de indiferença?

Duas pessoas conhecidas morreram esta semana: o explorador britânico Henry Wersley e o actor português
José Boavida. Talvez o segundo fosse conhecido apenas em Portugal, nos meios do cinema, do teatro e da televisão... Mas o primeiro era de notoridade mundial até porque depois de muitos outros feitos se propôs atravessar a Antártida, sozinho e a pé.
Pois... e aqui está a minha surpresa... a morte deles passou pràticamente ignorada pela comunicação social. Porquê?
Rezo por um e por outro e lembro as suas famílias. À Mariana mando um abraço de todas nós .Não esquecemos que ela foi aluna no nosso Colégio.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Crianças

O Presidente da República ainda em exercício vetou há dias a proposta de adopção de crianças por casais do mesmo sexo.
Não discuto se fez bem ou fez mal; se a Assembleia da República vai aprovar, contrariando este parecer ou se vai reflectir um pouco e segue a opinião do Presidente da República... A mim, o que me levanta questões é o problema das crianças.
Todos sabemos, não vale a pena fantasiar, que as características psicológicas  de Homem e Mulher são distintas. Duma maneira geral, a Mulher é muito mais afectiva, carinhosa e meiga. O Homem, por sua vez é infinitamente mais racional, objectivo e intransigente. 
Uma coisa e outra são indispensáveis para o normal desenvolvimento duma criança, sua educação e crescimento afectivo. 
Será que, num meio em que a exclusividade é apenas dum aspecto, o desenvolvimento da criança se faz sem desvios nem transtornos? Os meus conhecimentos de Psicologia dizem-me que dificilmente. Mas, quem sou eu para me opôr às grandes "cabeças pensantes" que dizem o contrário?!...
Aguardemos que a Lei seja homologada e peçamos ao Pai que todas e cada uma dessas crianças crescidas nesses ambientes se tornem adultos com  as plenas faculdades com que Deus as beneficiou.
Ir. M. Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


sábado, 23 de janeiro de 2016

O poder da amizade

Ao lermos o texto da Bíblia sobre a morte de Golias por David  e o que se lhe segue, deparamos com uma situação que não é apenas Bíblica mas infelizmente também faz parte do nosso dia-a-dia: a inveja. 
Saul não vê com bons olhos o prestígio de David nem que este seja mais homenageado do que ele. Por isso, planeia mesmo a sua morte.
Quantas vezes na nossa vida não temos invejado o colega que nos suplanta, o amigo que foi "mais longe " do que nós, o vizinho que conseguiu uma melhor situação económica?!...
Estamos a fazer o papel de Saul, a mostrarmo-nos como ele sedentos de primazias e honras.
Só que ,continuando a leitura do livro de Samuel, deparamos com uma outra situação bem mais simpática e que certamente também faz parte das nossas vidas. É a atitude de Jónatas que, por amizade a David, o depende e assim consegue manter-lhe a vida e, também modificar o seu pai, promover a sua conversão, digamos assim.
Um valor incomensurável  o da Amizade e uma atitude dignificante a da conversão.
Uma e outra são manifestações de Amor, participação no Amor do Pai.
A inveja aprisiona-nos e pode mesmo tornar-nos cruéis e insensíveis. A Amizade torna o nosso coração mais próximo do de Deus e testemunha a Sua predilecção por nós.
Tenhamos presente o exemplo de Jónatas.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Ser Único e Solidário

Estou a tentar associar duas ideias que parecem contraditórias mas não são.
Por um lado, "ninguém é uma ilha" . Por outro, cada um de nós é "Único".
Realmente, cada um de nós, cada indivíduo é diferente de outro, por mais semelhante que seja, diferente no seu ser,nas suas qualidades, na sua identidade. Tão diferente que o nosso ADN não se encontra noutra pessoa, em qualquer outro indivíduo... Por isso, ele nos identifica e através dele se podem reconhecer pessoas, mesmo depois de muito tempo e em condições adversas.
Mas ser "Único" não é sinónimo de individualismo, de egoismo, de nos pensarmos como o "centro do universo". Aliás porque... embora diferentes todos dependemos uns dos outros.
Por mais completos que sejamos, por mais independentes que nos tenhamos tornado, sempre dependemos do ser e do saber de outros.
Até a nossa existência dependeu do querer e do fazer dos nossos pais...
E depois, porque somos "Únicos", quando não realizamos a missão que Deus espera de nós, quem a vai fazer por nós? 
Na cadeia da solidariedade, quando não ocupamos o nosso lugar, fica um espaço vazio que ninguém mais pode ocupar. E neste esquema de inter-acção e dependência, ninguém pode ficar de fora. O nosso lugar não é ocupado por ninguém. 
Pensemos nisso e sejamos nós mesmos, "Únicos", mas... solidários.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.



domingo, 10 de janeiro de 2016

Que a luz se mantenha acesa

"Não se apague a luz que ainda fumega... Não se parta a cana que está apenas rachada..."
São duas incentivas que nos chegam das Profecias de Isaías como parte das leituras da Missa de hoje. Estas palavras são um apelo e uma recomendação para a nossa atitude face aos outros. 
Mas, traduzem também o modo de proceder de Deus para connosco, para com os nossos erros, os nossos afastamentos, os nossos desvios.
Deus deixa-nos livres ; não interfere nas nossas opções; não impede a escolha errada do caminho...
Mas está lá, atento, preocupado com os nossos deslizes e esperando o mais pequeno sinal de arrependimento, o mais insignificante passo de regresso à casa do Pai.
Ele não apaga a luz; antes espera que ela se reacenda. Ele não parte a cana; espera que ela, com o tempo e com cuidados, recupere da sua fragilidade...
É a lição para hoje e para todos os dias: Para Deus não há impossíveis nem irrecuperáveis.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Epifania

O Natal continua.
E de longe vieram os Magos... Homens sábios, esclarecidos, mas gente de Fé.
Sabiam...sabiam que aquela estrela que surgira no céu não era uma estrela qualquer, mais uma entre tantas outras. Era um sinal, um apelo a que deixassem tudo e a seguissem.
E assim fizeram. De longe terras vieram até Belém, conduzidos pela estrela mas guiados pela Fé que lhes ardia no coração.
E encontraram o Menino. E deram-Lhe os presentes que tinham trazido. Mas, sobretudo, ajoelharam-se a Seus pés, entregaram-Lhe o seu coração de Homens de Fé.
Neste dia da manifestação ao mundo do Menino que é Deus, ajoelhemo-nos também junto d´Ele e demos-Lhe o nosso nada, ofereçamos-Lhe o nosso coração e aceitemos o Seu Amor.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro,O.P.

sábado, 2 de janeiro de 2016

Graças e festas

Este ano é um ano muito especial para nós Dominicanos/as. Um ano pródigo em Graças. Para além do Jubileu da Misericórdia concedido pelo Papa a toda a Igreja, outros dois nos estão reservados. Primeiro, o Jubileu da Ordem em que os Dominicanos celebram os 800 anos de existência. Foi a abertura o ano passado, em todo o mundo no mesmo dia, e prolonga-se até 2017.
E o segundo? É o nosso , o das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena. Nele celebramos os 150 anos de existência da Congregação e os 100 da morte da Madre Fundadora, ela que foi recentemente reconhecida como Venerável.
A comemoração será em Fátima, no dia 9 de Janeiro, numa Missa na Igreja da Santíssima Trindade, às 11h. Porque é uma festa para todos os que conviveram e convivem com as Irmãs Dominicanas, convido as ex-alunas, as famílias, os professores, os funcionários e os amigos a estarem presentes. Será uma alegria e uma honra tê-los connosco nessa Missa e depois, às 14h30m no anfiteatro Paulo Vi numa sessão cultural.
Queridas "ramalhoas" e queridos amigos conto convosco.
Ir. Maria Teresa de Carvalho Ribeiro, O.P.


sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Santa Maria Mãe de Deus


                                                    "Não tenho nada a pedir
                                   Nada para dar
                                   Venho simplesmente Mãe
                                   Para te olhar
                                   ...
                                  Sabendo apenas isto:
                                  Que tu és minha mãe
                                  Mãe de Jesus Cristo"
                                                               Paul Claudel